terça-feira, 20 de outubro de 2015

Sobre a juventude idiotizada

Apesar de ser uma surpresa, esse estouro por causa de uma postagenzinha não é algo que alguém não pudesse imaginar. Escrevi isso em um meio 'moderninho', cheio de jovens e adolescentes carregados de opiniões prontas (já aos 12 anos), que são incentivados durante sua infância e juventude a acreditar que transformarão o mundo. Eu tenho 22 anos, sei bem do que falo. Não acho que tenha algo de errado em depositar esperanças nos jovens, mas na minha opinião, isso é diferente de educá-los em favor da revolução, termo que ouvi em demasiado no ensino médio.
Se os jovens já têm uma disposição natural à rebeldia, inconsequência e ao desejo de pertencer ao rebanho e ser aceito, o que seria mais atraente para eles do que uma causa que os inspirasse a serem os precursores da mudança que o mundo precisa? Afinal, quando jovens, temos ainda sonhos mirabolantes de que importamos muito, sem termos feito absolutamente nada e sem entendermos bulhufas sobre o mundo também.
Agradeço ao meu pai, à minha falecida mãe e a Deus por terem me mantido sempre no foco de desenvolver minhas capacidades antes de formar minha personalidade política. Foram eles quem olharam por mim e me ocuparam na infância e adolescência com atividades culturais. Ballet, piano, sapateado, catequese, pintura, escotismo, visitas ao Asilo SJB, trabalhos em creches, livros e livros. Tudo isso foi o que eles planejaram para me manter saudável e longe de maus vícios de espírito e das manipulações. Hoje, por minha conta estudo e procuro observar e entender as pessoas, não apenas pelos livros -interpretações de outras pessoas- mas principalmente pela minha percepção e absorção de momentos e situações (até compartilho algumas aqui, como essa última). Com o mundo subvertido que vivemos, mais vale acreditar em si, nos seus próprios olhos, do que em um especialista qualquer. Meu pai sempre me diz, "Moniquinha, nunca, jamais, entregue sua mente a alguém." Por isso não sigo causas. Pautas. Ideologias. Não acredito que alguém no mundo, além de minha família, queira mais a minha saúde e independência mental do que eu mesma, e me considero nova demais para conhecer tudo o que berram por aí. Aprendi com minha mãe que se eu quiser algo feito, que eu arregace minhas mangas e faça. Ela criou um ONG, mesmo tendo o conforto de ser funcionária pública, um grande exemplo de mulher.
Por esses e outros motivos não acredito em coletivos politizados. Pois eles não fazem, de fato, nada que me faça sequer voltar meus olhos a eles. Agem através da depredação, de ameaças, da desconstrução da harmonia e das relações, como bebês histéricos em uma loja de doces. Jorram seus ódios, tantas vezes infundados, sempre no alvo errado. Sempre com seus raciocínios entupidos pela doutrinação, o que os impede de achar a causa real de suas dores, mas acabam focando sempre nas consequências, nos edifícios, nas pessoas erradas, no material. No materialismo.
Condenam o senso comum, o senso geral de medição do que é certo e errado de várias, milhões, de pessoas para seguir a arrogância de seus sensos "únicos", "independentes", "revolucionários". Mas, na verdade mesmo, são um bando de jovens imaturos, inconsequentes e despreparados, que acham que estão a descobrir um mundo novo esperando para ser desconstruído, mas que existe há milhões de anos, onde várias pessoas no passado trabalharam duro para trazer a evolução, o desenvolvimento, a ordem, os direitos, os deveres, as instituições, a Lei; e a onde várias novas pessoas virão para dar continuidade ao trabalho e ao caminhar da nossa espécie, mas que dependem da manutenção do respeito à ordem moral que nos permitiu chegar até aqui, o topo de tudo o que já vimos.

Jovens não têm respostas para tudo. Não achem que ser revolucionário sem entender a constante de evolução da humanidade vá construir algo, não vai. Se não forem capazes de respeitar o que foi construído e prezar pela manutenção dessas coisas, só irão destruir, junto com sua fome egocêntrica de conduzir o mundo e as pessoas de acordo com seus próprios vícios e limitações.
A Ordem e as tradições, constantemente atacadas, não são arranjos impostos por uma hierarquia descendente como se diz, pelo contrário, são decididas natural e inconscientemente por todos da população, em cada ato e em cada tomada de decisão.  Só assim podemos experimentar verdadeira democracia, como observamos na evolução da linguagem e no desenvolvimento do comércio, por exemplo. Decisões tomadas pelos indivíduos voluntariamente, sem coerção, têm protagonismo na evolução da civilização.

"Ao debater a tradição, não estamos discutindo normas arbitrárias e convenções, mas respostas que foram descobertas a partir de questões perenes. Essas respostas estão implícitas, compartilhadas e incorporadas nas práticas sociais e nas expectativas inarticuladas. [...] São formas de conhecimentos. Contêm resquícios de muitas tentativas e erros conforme as pessoas tentam ajustar a própria conduta às demais. [...] elas são as soluções descobertas dos problemas de coordenação que surgem ao longo do tempo." -Roger Scruton

O jovem que não respeita o que foi construído, automaticamente destrói a herança das gerações futuras. Estamos todos aqui de passagem, é importante termos em mente.

O mundo não precisa de respostas filosóficas rasas, que é a única que jovens podem dar, mas necessita de respostas na medicina, na engenharia, em TI, na produção de alimentos. Se querem tanto salvar mulheres, trabalhem na cura do câncer, da osteoporose, da obesidade. Ofereçam-se para trabalharem como voluntários em creches para mães solteiras. Tempo não falta, pelo que observo. Se querem realmente diminuir a disparidade da qualidade de vida dos negros pelo mundo todo, comecem procurando respostas para a distribuição de alimentos na África, desenvolvam uma resposta para irrigar campos, tratem-os como iguais. Protejam as crianças fora da Internet, doando alimentos, fazendo campanhas de agasalho no inverno. A única maneira que podemos ajudar enquanto jovens é essa. Não somos gênios iluminados não, somos mão-de-obra. Para conduzir o mundo temos muitos e muitos degraus para construirmos sozinhos antes.

"Bem ao contrário, desde cedo me impressionaram muito fundo, na conduta de meus companheiros de geração, o espírito de rebanho, o temor do isolamento, a subserviência à voz corrente, a ânsia de sentire-se iguais e aceitos pela maioria cínica e autoritária, a disposição de tudo ceder, de tudo prostituir em troca de uma vaguinha de neófito no grupo dos sujeitos bacanas." -Olavo de Carvalho, O lindo.

Referências:
Como ser um conservador - Roger Scruton, tradução de Bruno Garschagen.
O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota - Olavo de Carvalho, organizado por Felipe Moura Brasil.

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