terça-feira, 20 de outubro de 2015

A vida dos camelôs ambulantes

Aqui no Rio é super comum que os camelôs entrem nos ônibus para vender guloseimas e água. Agora mesmo um deles entrou distribuindo balinhas para os passageiros provarem seu produto. Ele me deu uma e disse sorrindo: -Olha a bala! Mas pode pegar, não é bala perdida não, mocinha! O camelô tá aqui só pra alegrar o dia de vocês, não sou bandido não! - ainda com o sorriso no rosto.

Essas coisas me fazem pensar. Imagine ter que andar por aí no sol, com aqueles pedaços de pau com um monte de balas, amendoins e pipocas pendurados, repetindo publicamente, incontáveis vezes, que você não é um bandido para poder trabalhar. Quando me coloco nessa situação, eu não consigo deixar de lembrar das pessoas que vivem insistindo, com suas ótimas intenções, em relativizar a culpa dos verdadeiros infratores.

Defender criminoso, na minha humilde opinião, é um capricho burguês (e olha que eu não gosto de usar essa palavra) de quem não só tem pouco contato com o crime, mas como também não possui semelhança física com o esteriótipo deles. Se em algum momento elas saíssem de seus cativeiros de boa-vontade para observar um pouquinho o mundo real, talvez percebessem que tomar certos partidos, não é ficar ao lado do pobre injustiçado. Primeiro porque ser pobre não é sinônimo de ser bandido; segundo porque quem mais sofre com a criminalidade não são as pessoas que vivem longe das periferias, mas aqueles que, mesmo quando não são violentados, já tiveram sua identidade social roubada pelos marginais e precisam se identificar incansáveis vezes como cidadão comum para não causarem medo.

Que situação horrível.

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