terça-feira, 20 de outubro de 2015

Ciclos econômicos e bancos

Os bancos possuem um papel fundamental na economia. Através deles, as pessoas cordenam seus planos para consumir ou poupar dinheiro. O que significa que, quando uma pessoa decide guardar dinheiro no banco, ela está deixando de consumir e ao mesmo tempo está permitindo que outra pessoa pegue emprestado esse dinheiro, por exemplo, para investir, ou mesmo para consumir em seu lugar. Os bancos representam os vendedores do dinheiro. Quando possuem pouco dinheiro em seus cofres, aumentam a taxa de juros para incentivar novos clientes a depositarem suas reservas. Quanto mais eles poupam, mais faturam. Supondo que muitos clientes tenham aproveitado as altas taxas de juros para poupar, e agora os cofres estejam cheios, os bancos, nesse caso, abaixam as taxas de juros para incentivar os investidores a pegarem esse dinheiro emprestado. Ou seja, os banqueiros regulariam as taxas de juros de acordo com a oferta e demanda do dinheiro disponível. 

Essa coordenação é importante pois ela permite que exista uma quantia certa de bens e serviços na economia de acordo com a necessidade dos consumidores e poupadores. Caso esse equilíbrio seja enfraquecido, será muito difícil para os empreendedores entenderem qual a real demanda e qual deveria ser a oferta dos bens e serviços a serem produzidos.
Por isso os projetos dos investidores são tão influenciados pela taxa de juros -que mostra o quanto está custando o empréstimo de dinheiro- pois ela representa um sinal, uma informação de o quanto os consumidores estão poupando para consumir no futuro, ou se estão gastando todas as suas reservas agora, e não terão dinheiro para consumir quando esses projetos (investimentos) forem consolidados.

No livre mercado, a taxa de juros é representada pelo equilíbrio das finanças dos consumidores e dos poupadores. Quanto mais as pessoas poupam, mais há dinheiro disponível para ser emprestado e mais baixa é a taxa de juros. Por outro lado, quanto menos as pessoas poupam, menos dinheiro os bancos têm para emprestar para os investidores, e mais cara fica a taxa de juros.

Em uma situação de altos juros, apenas os investimentos mais necessários (que terão mercado certo, ou em outras palavras, atenderão melhor aos consumidores) serão financiados, por terem um risco menor de dar errado, já que custarão mais caro. Por exemplo, em um país pouco desenvolvido, dificilmente seus pequenos empreendedores investirão em produzir artigos de luxo para sua população, pois não haveria muitos interessados, mas investir em bens de consumo mais simples, como roupas e alimentos, seria bem mais coerente e possivel de dar certo.

Quando os juros são baixos, os empreendedores ficam mais a vontade para investir em projetos a longo prazo e possivelmente mais supérfluos ou arriscados. Com o "preço do dinheiro" baixo, há menos insegurança na economia para o investimento, pois as perdas serão menores.

Ao pegar um empréstimo no banco para financiar um projeto, o investidor não está buscando apenas o papel-moeda, mas o que ele representa. O dinheiro será usado para reformar um salão e torná-lo um restaurante, por exemplo, mas, não apenas tintas, concreto, lâmpadas novas e mesas serão adquiridas com o financiamento. Salários, para pagar os pedreiros também serão convertidos em transporte, alimentação, roupas, escolas para seus filhos e demais bens de consumo. Ou seja, quando alguém decide poupar e colocar seu dinheiro à disposição de outros, deixando de gastar, está tornando possível para outras pessoas usarem aquele dinheiro para o consumo, enquanto trabalham no projeto (investimento) de uma terceira pessoa. Assim funciona o equilíbrio em um mercado livre.

Porém, não vivemos em um sistema de livre mercado.

No sistema centralizado e conduzido pelo Banco Central, o mais comum no mundo, perdem-se os sinais que avisam aos empreendedores quando há equilíbrio entre poupadores e consumidores.
Os bancos centrais controlam as taxas de juros abaixando-as artificialmente para estimular a economia, principalmente  através da emissão de dinheiro. Obviamente, o resultado disso é uma expansão econômica.
O que acontece é que os bancos emprestam mais, e como os juros estão baixos, os empreendedores fazem projetos mais arriscados. Esse processo acaba incentivando maus investimentos, pois são baseados em informações (taxa de juros) irreais, já que aquele dinheiro emprestado para projetos não representa mais uma poupança prévia. O que quer dizer que uma pessoa não está deixando de consumir para outra fazê-lo, mas existe dinheiro a mais na economia, que estimula mais pessoas a consumirem sem precisarem poupar, ou seja, mais pessoas consumindo ao mesmo tempo. O nome disso é sobre-consumo, definido pelo economista Ludwig von Mises. Os projetos iniciados sob essas condições tendem a fracassar.
Por exemplo, se um empresário inicia uma obra acreditando que possui uma quantidade de material disponível para executá-la, quando na verdade essa é uma impressão causada pela falsa expansão econômica (pois o dinheiro não representa de fato uma produção prévia), seu projeto pode estar destinado a enfrentar uma escassez de material, o que no mínimo, encarecerá os custos de execução e atrapalhará os planos do investidor; que atrasará os salários dos funcionários envolvidos, que diminuirá o poder de compra deles e uma sucessão de imprevistos que prejudicarão a economia como um todo. Imagine isso em grande escala.

Sob juros abaixados artificialmente, muitos empréstimos são concedidos, excedendo a quantidade real de poupança na economia. Esses projetos criados a partir de empréstimos de dinheiro não correspondente às poupanças, estão mais suscetíveis ao fracasso. Afinal, as taxas de juros servem como um importante sinal para os negócios, pois mostram se as pessoas estão poupando hoje, para gastar no futuro -e então valeria a pena investir- pois haverá consumidores amanha; ou se não estão poupando, então a taxa seria alta, e indicaria que não está valendo investir em algo que possivelmente não trará retorno no futuro, pois as pessoas preferiram não poupar. No momento em que as taxas são abaixadas artificialmente, mais projetos se iniciarão, mais pessoas serão contratadas, mas, sob falsos pretextos. Quando concluídos, os empresários perceberão que seus investimentos não são lucrativos, pois os consumidores deixaram de poupar no passado. Agora haverá demissões, pois os projetos não são sustentáveis, não geram receita. A economia esfria e começa a entrar em crise em alguns setores por causa da expansão artificial. Essas pequenas crises são evitadas pelo Banco Central através de nova baixa na taxa de juros e de nova emissão de dinheiro para aquecer a economia. Isso tornará a crise que está por vir ainda maior, e em larga escala, chamada de recessão.

Sobre a juventude idiotizada

Apesar de ser uma surpresa, esse estouro por causa de uma postagenzinha não é algo que alguém não pudesse imaginar. Escrevi isso em um meio 'moderninho', cheio de jovens e adolescentes carregados de opiniões prontas (já aos 12 anos), que são incentivados durante sua infância e juventude a acreditar que transformarão o mundo. Eu tenho 22 anos, sei bem do que falo. Não acho que tenha algo de errado em depositar esperanças nos jovens, mas na minha opinião, isso é diferente de educá-los em favor da revolução, termo que ouvi em demasiado no ensino médio.
Se os jovens já têm uma disposição natural à rebeldia, inconsequência e ao desejo de pertencer ao rebanho e ser aceito, o que seria mais atraente para eles do que uma causa que os inspirasse a serem os precursores da mudança que o mundo precisa? Afinal, quando jovens, temos ainda sonhos mirabolantes de que importamos muito, sem termos feito absolutamente nada e sem entendermos bulhufas sobre o mundo também.
Agradeço ao meu pai, à minha falecida mãe e a Deus por terem me mantido sempre no foco de desenvolver minhas capacidades antes de formar minha personalidade política. Foram eles quem olharam por mim e me ocuparam na infância e adolescência com atividades culturais. Ballet, piano, sapateado, catequese, pintura, escotismo, visitas ao Asilo SJB, trabalhos em creches, livros e livros. Tudo isso foi o que eles planejaram para me manter saudável e longe de maus vícios de espírito e das manipulações. Hoje, por minha conta estudo e procuro observar e entender as pessoas, não apenas pelos livros -interpretações de outras pessoas- mas principalmente pela minha percepção e absorção de momentos e situações (até compartilho algumas aqui, como essa última). Com o mundo subvertido que vivemos, mais vale acreditar em si, nos seus próprios olhos, do que em um especialista qualquer. Meu pai sempre me diz, "Moniquinha, nunca, jamais, entregue sua mente a alguém." Por isso não sigo causas. Pautas. Ideologias. Não acredito que alguém no mundo, além de minha família, queira mais a minha saúde e independência mental do que eu mesma, e me considero nova demais para conhecer tudo o que berram por aí. Aprendi com minha mãe que se eu quiser algo feito, que eu arregace minhas mangas e faça. Ela criou um ONG, mesmo tendo o conforto de ser funcionária pública, um grande exemplo de mulher.
Por esses e outros motivos não acredito em coletivos politizados. Pois eles não fazem, de fato, nada que me faça sequer voltar meus olhos a eles. Agem através da depredação, de ameaças, da desconstrução da harmonia e das relações, como bebês histéricos em uma loja de doces. Jorram seus ódios, tantas vezes infundados, sempre no alvo errado. Sempre com seus raciocínios entupidos pela doutrinação, o que os impede de achar a causa real de suas dores, mas acabam focando sempre nas consequências, nos edifícios, nas pessoas erradas, no material. No materialismo.
Condenam o senso comum, o senso geral de medição do que é certo e errado de várias, milhões, de pessoas para seguir a arrogância de seus sensos "únicos", "independentes", "revolucionários". Mas, na verdade mesmo, são um bando de jovens imaturos, inconsequentes e despreparados, que acham que estão a descobrir um mundo novo esperando para ser desconstruído, mas que existe há milhões de anos, onde várias pessoas no passado trabalharam duro para trazer a evolução, o desenvolvimento, a ordem, os direitos, os deveres, as instituições, a Lei; e a onde várias novas pessoas virão para dar continuidade ao trabalho e ao caminhar da nossa espécie, mas que dependem da manutenção do respeito à ordem moral que nos permitiu chegar até aqui, o topo de tudo o que já vimos.

Jovens não têm respostas para tudo. Não achem que ser revolucionário sem entender a constante de evolução da humanidade vá construir algo, não vai. Se não forem capazes de respeitar o que foi construído e prezar pela manutenção dessas coisas, só irão destruir, junto com sua fome egocêntrica de conduzir o mundo e as pessoas de acordo com seus próprios vícios e limitações.
A Ordem e as tradições, constantemente atacadas, não são arranjos impostos por uma hierarquia descendente como se diz, pelo contrário, são decididas natural e inconscientemente por todos da população, em cada ato e em cada tomada de decisão.  Só assim podemos experimentar verdadeira democracia, como observamos na evolução da linguagem e no desenvolvimento do comércio, por exemplo. Decisões tomadas pelos indivíduos voluntariamente, sem coerção, têm protagonismo na evolução da civilização.

"Ao debater a tradição, não estamos discutindo normas arbitrárias e convenções, mas respostas que foram descobertas a partir de questões perenes. Essas respostas estão implícitas, compartilhadas e incorporadas nas práticas sociais e nas expectativas inarticuladas. [...] São formas de conhecimentos. Contêm resquícios de muitas tentativas e erros conforme as pessoas tentam ajustar a própria conduta às demais. [...] elas são as soluções descobertas dos problemas de coordenação que surgem ao longo do tempo." -Roger Scruton

O jovem que não respeita o que foi construído, automaticamente destrói a herança das gerações futuras. Estamos todos aqui de passagem, é importante termos em mente.

O mundo não precisa de respostas filosóficas rasas, que é a única que jovens podem dar, mas necessita de respostas na medicina, na engenharia, em TI, na produção de alimentos. Se querem tanto salvar mulheres, trabalhem na cura do câncer, da osteoporose, da obesidade. Ofereçam-se para trabalharem como voluntários em creches para mães solteiras. Tempo não falta, pelo que observo. Se querem realmente diminuir a disparidade da qualidade de vida dos negros pelo mundo todo, comecem procurando respostas para a distribuição de alimentos na África, desenvolvam uma resposta para irrigar campos, tratem-os como iguais. Protejam as crianças fora da Internet, doando alimentos, fazendo campanhas de agasalho no inverno. A única maneira que podemos ajudar enquanto jovens é essa. Não somos gênios iluminados não, somos mão-de-obra. Para conduzir o mundo temos muitos e muitos degraus para construirmos sozinhos antes.

"Bem ao contrário, desde cedo me impressionaram muito fundo, na conduta de meus companheiros de geração, o espírito de rebanho, o temor do isolamento, a subserviência à voz corrente, a ânsia de sentire-se iguais e aceitos pela maioria cínica e autoritária, a disposição de tudo ceder, de tudo prostituir em troca de uma vaguinha de neófito no grupo dos sujeitos bacanas." -Olavo de Carvalho, O lindo.

Referências:
Como ser um conservador - Roger Scruton, tradução de Bruno Garschagen.
O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota - Olavo de Carvalho, organizado por Felipe Moura Brasil.

Dia das mães melancólico

Passar o dia das mães sem a mamãe pode ser meio melancólico.
As ruas ficam mais solitárias do que num domingo normal,
a geladeira fica vazia,
a cama desarrumada,
o cabelo despenteado.
Especialmente se a família também estiver longe.

Vou aproveitar a introspecção e fazer uma oração por vocês, para que tenham dinheiro no ano que vem pra voltar para suas cidades e passar esse dia com elas.
Só porque o tempo não volta.
Nem elas, quando se vão.

A mala sorrateira

Quem diria.
Eis que me sento no banco do brt, aquele ônibus enorme, sanfonado e gelado como um coração russo. Respiro fundo, já com um sorriso confortado. Por mais que avistasse algumas feições tortas, me observando de canto, o ambiente iluminado me deixara segura, agora longe dos perigos daquela rua empoeirada pelas obras. Eu não vivo com medo por aqui. Depois de um tempo frequentando a Linha Amarela e sua mini-guerra-civil, a Barra parece um lugar bem reconfortante.  Mas logo hoje eu preciso ir à rodoviária. De ônibus. Com uma mala enorme. E, pasmem, estou "bem-vestida". É claro, surge meu amigo já na porta me relembrando os últimos três esfaqueamentos ocorridos esse mês, dois perto de casa e um hoje mesmo, na lagoa. "Você com essa mala enorme e de saia? Vai morrer." Amigos são os melhores. Se me roubassem hoje, todos pensamos, quanto teria de prejuízo? Acho que vou esconder o celular na roupa e... ah, estou sem bolso. Que hora pra vestir uma saia, Mônica, quantos anos você tem mesmo? A responsabilidade só aumenta quando se está com uma mala emprestada. Malas são caras, Mônica, por que não colocou um tênis surrado? Qualquer coisa era só correr. Ou a sua menor estava boa também, dois sapatos a menos e caberia tudo nela. Agora já foi.  Quando abro os olhos, logo após o suspiro de 0,7 segundo, onde ela está?! A malona simplesmente foi embora. Mas como. Sinto um vazio no peito. Olho para traz, já contabilizando o prejuízo (porque nessas horas de desespero o raciocínio funciona rápido como um estalo), e vejo um rapaz lá no fundo, moreno, boné para traz, brinco na orelha a bermuda e um sorriso. Estava com ele. "Mas o que...?" Ele estava trazendo-a para mim. A mala emprestada tem 4 rodas, no acelerar do ônibus ela se foi, suavemente, embora, sem soltar um pio. "Ah, muito obrigada!".  Deixei escapar um risinho de quem fez arte e ele respondeu com uma risada divertida. "Imagina...".

É curioso como nos momentos em que mais nos preocupamos e nos sentimos atentos, a fração do tempo se revela tão significativa. Isso tudo aconteceu em menos de 5 segundos, e poderia ter arruinado uma viagem de 4 dias. Graças a Deus e à moral daquele garoto, estava tudo bem. A tensão passou, já estava sorrindo novamente. Olhei para traz uma última vez, ele também sorria amigavelmente. Sorte a minha ter sempre esses estranhos amigos pelas ruas quando decido viajar. Pra variar, carregando minhas malas.

Sorte... ou proteção mesmo. :)

Quando a Alemanha julgou os últimos velhinhos nazistas

Grande Alemanha, enfrentando seus fantasmas, admitindo o terror, julgando seus velhos soldados.
Pena que a mesma justiça à população e à vida não aconteça na fria e silenciosa ex-União Soviética.

Talvez porque não haja arrependimento...
talvez porque o horror permaneça.

O comunismo por um romeno

Existem alguns fatos na vida, e um deles é que você pode defender algo que nunca viu, nem comeu, mas só ouve falar. Você pode inventar fatos, criar dados. Mas uma coisa que não pode fazer é discutir com alguém que tenha vivido o seu sonho.
Para quem ainda esta em dúvida do quão bom é viver no regime da foice, segue um relato cheio de humor (como? haha) de uma criança que viveu o comunismo na Romênia.

Separei uns trechos interessantes para os preguicosos:

"Na Romênia dos anos de 1980, todos os soldados, professores e estudantes eram obrigados a particpar de algo chamado prática agrícola."

"A prática agrícola não era sobre aquela coisa tipicamente comunista de “compartilhar o fardo igualmente” – estava bem mais próximo de trabalho escravo na cara dura."

"Havia cotas rígidas para cumprir, o pagamento era inexistente, a situação teria que melhorar muito para ficar péssima e a participação era obrigatória para todos, sem exceção. Se você se recusasse a trabalhar, a punição variava de perda de créditos, perda de trabalho, à perda da vida. Apenas … de sua vida."

"Certamente não Irina, então ela apenas dublou por conta própria todas as vozes em inglês em todos os filmes. Ela era literalmente a voz da mídia romena. Quando o comunismo caiu e assistir The Breakfast Club não era mais punível com a morte, ela já havia traduzido e dublado cerca de 3.000 filmes. Somente ela e sua solidão."

"Não foi apenas entretenimento estrangeiro que Ceausescu baniu – foi tudo de origem estrangeira. Se não fosse feito por mãos comunistas, não teríamos. Sem bananas, sem cigarros Marlboro, sem camisinhas, sem nada."

"Tudo não foi apenas banido, mas trocado por genéricos comunista de baixa qualidade. Café, por exemplo, foi condenado como um luxo muito grande para nós camponeses. Bebíamos Nechezol, uma lavagem sem cafeína que era uma parte café e 20 partes lama de sarjeta congelada. Cozinhávamos com óleo fake feito de soja não-refinada, comíamos queijo fake artificialmente remexido com farinha (provavelmente fake), e bebíamos o que eu suspeito que fosse urina do demônio diluída homeopaticamente que chamavam de Cil-Cola. Carne? Esqueça. Se tínhamos algo parecido com isso, tínhamos as dregs, algo tipo garras de galinha, pernas que eram nada além de pele e osso, e salame feito de farinha de ossos. Mmm, você consegue sentir o gosto dos ossos! E sentí-los. Quebrando seus dentes. Felizmente, a farinha de ossos serve como um bom creme para seu café de mentira."

http://www.libertarianismo.org/index.php/artigos/5-coisas-voce-so-tiver-crescido-regime-comunista/

Ocupe menos espaço

Nas palestras que vou, nas aulas que assisto, nos programas de TV,  todo lugar vejo gente falando pelos pobres. Mas será que eles realmente conhecem a opinião dos que estão à margem na sociedade?

Hoje, indo levar uma moça para limpar a casa que estamos colocando para alugar, começa a conversa sobre política. Não vou entrar em detalhes, mas fiquei impressionada com o entendimento da dona Iraci sobre a situação brasileira. Conforme evoluía sobre o problema de cabide de empregos, negligência fiscal, endividamento público e desvio de verba, ela, que estuda em uma universidade privada e trabalha limpando casas e de garçonete em eventos (entre outros bicos), fluía em suas críticas ao governo do PT, seus aliados e a suposta oposição, que de acordo com seu julgamento, não se tratam de partidos, mas de uma máfia que compra representantes dos poderes para se manter no alto escalão da corrupção às nossas custas.

Dona Iraci aceitou limpar, por 3 horas, uma casa de mais de 300 metros quadrados por 50 reais e hoje vai deixar de ir à aula para servir um evento. Dona Iraci não é elite, ela se indignou com o Jaguar que passou por nós na rua enquanto alguns pediam dinheiro no sinal. Eu sei que não é todo mundo que vive uma vida mais simples que tem todo esse entendimento sobre política, mas veja bem: Eu, por exemplo, leio tudo o que posso durante o dia todo, estudo Gestão Pública na faculdade, me dedico e ainda sim ouvi coisas das quais não tinha conhecimento.

O que eu quero dizer aqui é que conhecimento não se define por classe social. Tentem parar de falar pelos pobres sem antes ouvi-los. Deixem pra lá esse hábito de sentirem-se os conhecedores de injustiças se julgam que os injustiçados não sabem o que fazer com a própria vida. Tem rico que vota mal, tem pobre que vota mal.

O verdadeiro herói social não é aquele que fica fazendo discurso a favor de tal medida, tal partido, tal ação social em favor de pobres que não conhece; o verdadeiro herói social é quem deixa o pobre falar por si mesmo.

Acreditem, pobres também são pessoas racionais que sabem se defender, eles só precisam de espaço. O espaço que talvez você esteja ocupando.

O Brasil incoerente

Engraçado que até os debates, normalmente saudáveis, são meio incoerentes nesse país. Por exemplo: hoje se discute abertamente legalização das drogas, porém, a revogação do Estatuto do Desarmamento permanece um tabu. Mas observe, a primeira proposta é altamente rejeitada pela maioria, enquanto que o porte de armas costumava ser comum e é fortemente aprovado. Coincidência?
Não estou questionando a pauta, podemos discutir tudo em seu tempo, mas o que é prioridade? Fumar maconha ou poder se defender em um país com mais de 60 mil homicidios/ano?

Acho que tem assunto na fila das prioridades que deveria estar na fila comum.
Só acho.

O feminismo para eu criança

Estava pensando aqui, se quando criança alguém me pedisse para imaginar uma revolução "feminista" (expressão ainda sem significado pra mim) eu provavelmente fantasiaria uma era de delicadeza, o retorno da mulher à condução do lar unido ao trabalho fora apenas até a maternidade, ruas mais limpas e com jardins, super-valorização do feminino, das mães, da educação das jovens voltada para cultura, etiqueta, para o vestir bem. Imaginaria o retorno do cavalheirismo, da educação pelos pais (não mais terceirizada aos professores), das boas comidas caseiras e dos contos lidos na cama antes de dormir.

O que aconteceu? Em vez disso, mais me parece que as mulheres que protagonizam o movimento se voltaram de uma vez para a "machificação". Degradam os ambientes públicos, cortam os cabelos, mantêm os pelos, tiram as camisas, rejeitam o dom de ter bebês, não cuidam de seus lares. Não lavam a louça.

Eu seria feminista se não tivesse que me tornar quase um homem para poder defender alguma coisa, então prefiro ser mulher mesmo.

A vida dos camelôs ambulantes

Aqui no Rio é super comum que os camelôs entrem nos ônibus para vender guloseimas e água. Agora mesmo um deles entrou distribuindo balinhas para os passageiros provarem seu produto. Ele me deu uma e disse sorrindo: -Olha a bala! Mas pode pegar, não é bala perdida não, mocinha! O camelô tá aqui só pra alegrar o dia de vocês, não sou bandido não! - ainda com o sorriso no rosto.

Essas coisas me fazem pensar. Imagine ter que andar por aí no sol, com aqueles pedaços de pau com um monte de balas, amendoins e pipocas pendurados, repetindo publicamente, incontáveis vezes, que você não é um bandido para poder trabalhar. Quando me coloco nessa situação, eu não consigo deixar de lembrar das pessoas que vivem insistindo, com suas ótimas intenções, em relativizar a culpa dos verdadeiros infratores.

Defender criminoso, na minha humilde opinião, é um capricho burguês (e olha que eu não gosto de usar essa palavra) de quem não só tem pouco contato com o crime, mas como também não possui semelhança física com o esteriótipo deles. Se em algum momento elas saíssem de seus cativeiros de boa-vontade para observar um pouquinho o mundo real, talvez percebessem que tomar certos partidos, não é ficar ao lado do pobre injustiçado. Primeiro porque ser pobre não é sinônimo de ser bandido; segundo porque quem mais sofre com a criminalidade não são as pessoas que vivem longe das periferias, mas aqueles que, mesmo quando não são violentados, já tiveram sua identidade social roubada pelos marginais e precisam se identificar incansáveis vezes como cidadão comum para não causarem medo.

Que situação horrível.

Sobre o marxismo universitário

Esses dias durante uma aula de Economia do Setor Público me deparei com uma afirmação bem incisiva de uma amiga muito querida por mim: "Os empresários são pessoas ruins. Eles abrem uma empresa junto com um monte de gente, pessoas que eles precisam, e no meio de uma crise preferem demitir esses funcionários, traí-los, a diminuir seus lucros. Preferem mandar pessoas embora do que lucrar um pouco menos."

É claro que eu fico chateada com esse pensamento marxista, predominante no meio acadêmico, que cria um estigma sobre milhões de pessoas que produzem, geram empregos, ralam, acordam cedo e trazem desenvolvimento para o país e mantêm esse governo enorme e ineficiente através de altos impostos, mas não pretendo refutá-lo ou se quer respondê-lo aqui. O que eu queria mesmo, era falar sobre o quanto o Brasil perde com essa mentalidade.

Enquanto alguns dos nossos acadêmicos e políticos patinam na lama de idéias atrasadas, preconceituosas e superadas, discriminando abertamente quem investe o próprio dinheiro para abrir um negócio, os modernos países desenvolvidos captam nossas mentes engenhosas e brilhantes, atraindo-as com tecnologia, apoio ao empreendedorismo, baixos impostos e estrutura inovadora e calorosas boas-vindas.

E esse é o preço que se paga por viver uma teoria: o desfalque na realidade. Ouço o tempo todo o "capitalista", o "proletário", os "meios de produção", termos da era da revolução industrial, que nem ilustram a realidade infinitamente mais complexa de hoje. Seria ótimo abaixarmos o roteiro de falas prontas e olharmos o mundo como ele é. O "burguês" de hoje pode ser o favelado de ontem, o "pobre injustiçado" de agora pode ser o "grande capitalista" de amanhã. Isso acontece o tempo todo fora dos livros, basta ver. A teoria marxista é só uma teoria dentre várias outras (e diga se de passagem, superada em países bem-sucedidos economicamente), mas por que é tão difícil encontrar uma justificativa para essas mudanças de classe social no material de estudos da universidade? Porque elas só são possíveis em países livres, respeitosos às leis seculares e "capitalistas", o que eu jamais vi sendo explicado nos livros sugeridos. Sim, o livre mercado, como uma consequência da liberdade que existe dentro da sociedade, onde as decisões feitas de baixo para cima (população > Estado) são respeitadas e onde há confiança e coerência no sistema de leis, é o modelo que permite tais transições, e apenas através desse modelo conhecemos uma sociedade livre de castas fixas, onde as pessoas podem se deslocar livremente entre as camadas sociais de acordo com seus estilos de vida e competência. Mas nunca ouvi falarem isso no ambiente universitário.

Ser contra o capitalismo, pra mim, é rejeitar o resultado do único modelo que conhecemos que nos possibilita mudar de classe social, e o único jeito de o empregado se tornar empregador; e ser contra empresários é ter uma idéia fantasiosa de que existe uma "categoria" que traz infelicidade para o mundo, quando na verdade, sem eles não há estrutura para atender a tanta gente viva com tantas necessidades.

Mas enquanto se proliferam os discursos socialistas por aqui, os odiados empreendedores brasileiros voam para onde são bem-vindos, levando aquela oportunidade de tornar o Brasil um país atual que a gente tanto queria, mas esperava sentado, reclamando e falando mal dos caras de exatas e biológicas.

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-"Quando se fala em Reino Unido, todo mundo pensa na família real, na história, em Shakespeare e coisas mais tradicionais. O que está faltando nessa perspectiva dos brasileiros é a realidade. Somos um país moderno. E com uma força enorme em indústrias criativas”, diz Joanna."

-"Pensando em incentivar os brasileiros a fazerem negócios na Grã-Bretanha, o escritório de negócios do consulado traz esta semana ao país o especialista em tecnologia do UK Trade & Investment Chris Moore para uma rodada de palestras e visitas a empresas com potencial de expansão internacional."

-“A cidade de Londres tem um custo similar ao de São Paulo, mas é possível encontrar outras cidades, como Manchester e Bristol, que são mais baratas e oferecem uma forte infraestrutura de TI, uma rede de universidades próximas e mão de obra qualificada”, afirmou Moore em encontro com empresários na sede paulistana do Banco Santander nesta segunda-feira, 21."

-"A carga tributária no Reino Unido é menor que no Brasil (o imposto de renda de pessoas jurídicas, por exemplo, é de 20% contra 35% por aqui) e empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento recebem incentivos na forma de renúncias fiscais. Outra vantagem de uma expansão em solo britânico é facilitar a entrada na Europa continental, um mercado consumidor maior do que o norte-americano."

http://exame2.com.br/mobile/tecnologia/noticias/reino-unido-atrai-startups-brasileiras-em-busca-de-expansao

O bombom

Fui vítima do que chamam por aí de machismo, mais uma vez.
Estava no ônibus, lendo e entrou uma senhora. Ela vendia trufas e suco de acerola feitos em casa enquanto tentava se equilibrar com uma sacola e um isopor. "Estou aqui trabalhando, não sou pedinte. Vendo esses bombons feitos pela minha filha, que é estudante, ela não trabalha ainda. Sou aposentada, mas meu dinheiro não está pagando minhas contas. Por favor, quem puder ajudar!"
Enquanto ouvia sua história e xingava o governo mentalmente, uma mão me toca no ombro.
-Você vai querer qual? - era um homem, um rapaz negro, um pouco fofinho.
-Oi, hm, eu não trouxe dinheiro, então...
-Pode escolher um!
Eu queria ajudar, mas aceitar de um estran...
-Pega aqui, filha!!! - e num súbito ato opressor, uma sacola enorme cobriu meu campo de visão, recheada de delícias. Não havia como escapar (hihi).
-Vou ficar com brigadeiro,  obrigada. :)
Ele me deu um sorriso simpático e pagou a senhora desajeitada.

Que dizer que agora, além de carregarem minhas malas em toda viagem que faço, além de me darem caminho para subir antes no ônibus, além de se preocuparem com minha segurança a noite, esses homens aleatórios ainda vão ficar me comprando bombons para ajudar velhinhas trabalhadoras?
Mas será o Benedito?
A gente até tenta, mas não dá pra entender as feminazis enquanto existirem homens fofinhos assim.
Aqui vai a foto do meu bombom ❤

Salário e dívidas, uma lição do meu pai

Em uma época que eu ainda morava em Campo Grande, toda quarta depois do cursinho eu ia com meu pai e minha irmã à casa dos meus avós, no centro da cidade, almoçar. Era o melhor dia da semana. Comer a comida da minha vó (que por sorte poderia ser árabe de vez em quando), deitar um pouco naquele quarto grande, cheio de cobertores felpudos, depois do almoço e descer para escolher alguns livros na Maciel, um sebo velho que dividia a pequena quadra com o prédio.
Em um desses dias, já voltando para o cursinho, lembro-me de ter uma conversa com meu pai sobre salário e dívidas. Estávamos na garagem quando ele me contou a história de um amigo.
-Mô, para viver bem, sem faltar nada, quanto você quer de ganhar?
-Quanto eu gostaria de ganhar ou quanto eu acho que vou ganhar?
-Quanto você acha que precisa para manter sua vida sem necessidades e sem se endividar.
-Acho que três mil. Não, pelo menos 2,500. Por que?
-Eu tinha um amigo -ele começou dizendo- chamado Marcos. Nós trabalhávamos juntos no SESC. Marcos vivia reclamando que não ganhava o suficiente, que estava sempre endividado porque seu salário não era o bastante para sustentá-lo. Ele ganhava algo em torno de mil reais. Um dia, ele já não estava mais na empresa. Nos encontramos alguns meses depois na rua, ele com um carrão, todo sorridente me disse: "Junior! Ah, rapaz, que bom te ver! Mudei de empresa, sabe? Estou ganhando dez mil reais. Agora já paguei minhas dívidas, estou feliz da vida, nunca mais vou passar aperto." Eu o dei os parabéns, era bom vê-lo feliz, e perguntei do carro. O que ele me disse foi que essa seria sua única dívida.
Alguns anos depois, nos cruzamos em um restaurante, lá no Jardim dos Estados, ele estava abatido. Novamente endividado.
O que eu quero que você entenda com essa história é: ser um devedor é uma característica da pessoa, não depende do salário. Existem pessoas muito simples que vivem a vida humildemente, poupando e que conseguem sair dessa condição sem nunca se endividar, como fizemos para criar vocês. Por outro lado, existem milionários que perdem tudo o que construíram pelo vício de consumir. Aumentam suas rendas, mas com elas também seus gastos e a superficialidade das coisas que compram. Pense nisso toda vez que estiver com muita vontade de comprar algo.

Nós chegamos na porta do cursinho. Ele me deu um beijo e eu fui pra aula, pensativa.

Quando assisto aos jornais, ouço colegas e professores apoiando o aumento da dívida pública ou o seu fim através de impostos e de operações de crédito, achando que esse é o meio de acabar de vez com o problema do endividamento, eu fico pensando nesse dia.
Quem educou essas crianças?